“Rede de portais aliados de Pazolini é alvo de denúncia por fraudes em pesquisas eleitorais suspeitas”

Uma rede de portais online que recebe volumosas verbas publicitárias da Prefeitura de Vitória está no centro de uma grave denúncia envolvendo supostas fraudes em pesquisas eleitorais.

Os proprietários desses portais, todos ligados politicamente ao prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), estariam manipulando informações com objetivo de induzir a opinião pública capixaba e favorecer a pré-candidatura do prefeito ao Governo do Estado em 2026.

Segundo apuração, essa rede é liderada por uma agência de publicidade que tem como sócios dois conhecidos empresários do ramo da comunicação digital no Espírito Santo, identificados como “A & J”.

Juntos, eles “coordenam” diversos portais online que, além de receberem recursos públicos por meio de contratos com a Prefeitura, teriam sido responsáveis por impulsionar pesquisas eleitorais com resultados duvidosos e logística altamente suspeita.

A polêmica ganhou força quando, apenas um mês após a reeleição de Pazolini em outubro de 2024, esses portais passaram a divulgar levantamentos que apontavam o nome do prefeito como favorito absoluto na disputa pelo Palácio Anchieta. Os dados foram apresentados por dois institutos sob questionamento nacional: o Instituto Paraná Pesquisas e o Instituto Perfil, de São Mateus – ambos com histórico de inconsistências e sem apresentar qualquer transparência sobre metodologia.

REPRESENTAÇÃO AO TRE DO ESPIRITO SANTO 

Diante da suspeita, a empresa de comunicação RedeNewsGrandeVitória acionou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) solicitando uma investigação minuciosa sobre a veracidade das pesquisas e os mecanismos utilizados para a coleta de dados. A representação foi protocolada diretamente na Procuradoria Regional Eleitoral, no Espírito Santo, acompanhada de provas documentais, prints, registros de datas e divulgações em massa nos portais e redes sociais.

A petição enumera várias pesquisas suspeitas divulgadas entre novembro de 2024 e maio de 2025, todas colocando o prefeito Lorenzo Pazolini em primeiro lugar na corrida para o Governo do Estado. Entre os principais pontos de irregularidade apontados na peça jurídica estão:

Ausência de comprovação logística de presença dos pesquisadores nos 30 municípios citados nas amostragens;

Inexistência de notas fiscais e recibos de hospedagem, alimentação e transporte das equipes de campo;

Falta de transparência sobre se a coleta foi presencial ou online, contrariando exigências legais da Justiça Eleitoral;

Ausência de plano amostral compatível com a realidade social e geográfica do Espírito Santo;

Conexões diretas dos portais que divulgaram as pesquisas com a Prefeitura de Vitória e com empresários ligados ao Republicanos.

A RedeNewsGrandeVitória também questiona se essas pesquisas teriam sido feitas de forma presencial ou online. Caso tenham sido realizadas por meio digital, o cenário se agrava ainda mais, já que a legislação eleitoral exige clareza, presença física e registro público da metodologia utilizada — o que, até o momento, não foi cumprido por nenhuma das instituições envolvidas.

“É inaceitável que dados sem consistência técnica e sem transparência sejam usados para alimentar uma narrativa falsa de favoritismo eleitoral, especialmente quando há dinheiro público envolvido na divulgação dessas informações”, afirma um especialista em direito eleitoral consultado pela reportagem.

As acusações se somam à constatação de que os portais envolvidos são majoritariamente simpáticos ao Republicanos, partido do prefeito de Vitória, e atuam de forma coordenada na disseminação de conteúdo político em massa, especialmente em grupos de WhatsApp, para criar uma percepção distorcida da realidade eleitoral.

Fontes do meio político afirmam que nos próximos dias a Procuradoria Regional Eleitoral deve se manifestar oficialmente, podendo inclusive solicitar ao presidente do TRE-ES:

A  anulação das pesquisas divulgadas pelos dois institutos suspeitos;

A retirada imediata de matérias e postagens que propaguem a suposta liderança de Pazolini;

E a abertura de investigação sobre o uso de verbas públicas para alimentar portais com interesses eleitorais explícitos.

Caso sejam comprovadas as irregularidades apontadas na representação, as pesquisas serão consideradas nulas pelo Tribunal Regional Eleitoral e retiradas de todos os meios de divulgação dos portais envolvidos, por falta de consistência técnica e ausência de dados concretos.