Por trás da Guerra contra o Tik Tok!

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Casa Branca essa semana ameaçou banir o aplicativo de origem chinesa, Tik Tok, dos Estados Unidos, sob a alegação de possível espionagem. Os 150 milhões de norte-americanos, usuários da Plataforma, não gostaram nem um pouco dessa notícia. Aliás, Servidores públicos norte-americanos e europeus foram instruídos a desinstalarem o Tik Tok dos aparelhos fornecidos por seus governos.
O CEO da empresa nos EUA, Shou Zi Chew, foi intimado a depor no Congresso e passou por uma sabatina duríssima de mais de cinco horas, a mesma duração do depoimento de Mark Zuckeberg do Facebook em 2018. Na ocasião, Zuckeberg teve que enfrentar os Parlamentares de seu país por associar-se a empresa Cambridge Analytica, no escândalo de vazamento de dados pessoais de mais de 87 milhões de usuários da rede social em favor da eleição de Donald Trump. O Julgamento pela Suprema Corte atingiu cifras próximas de US$ 5 bilhões de penalidade. O mais grave desse episódio foi o estrago estrutural no processo democrático do país que se institui como a maior democracia do planeta.
Embora seja incomparável o nível de gravidade e ainda figure como suspeição a possível interferência ou espionagem do aplicativo chinês, o tom exacerbado e visceral do inquérito ao qual Shou foi submetido, exigiu muito pragmatismo e autocontrole por parte do CEO, que saiu-se muito bem na defesa da empresa por ele comandada em solo norte-americano.

 

China deve superar os EUA em tecnologia na próxima década, diz Harvard
Na verdade, estamos, diante da corrida pela hegemonia global de poder, e a China está a levar forte vantagem na disputa com os EUA e outras potências ocidentais. O domínio das chamadas tecnologias portadoras de futuro ou tecnologias disruptivas, como por exemplo: Fusão nuclear, Telecomunicações 5G e 6G, Inteligência Artificial, Realidades Imersivas, Materiais Bidimensionais, Computação Quântica etc, ameaçam a supremacia ocidental dos últimos 300 anos, pelo menos.
O Pesquisador Faber Paganoto, tem uma afirmativa que me agrada muito: “As peças do Tabuleiro são os países, os jogadores que movimentam essas peças são as grandes potências e o jogo que está sendo jogado é a Política e a Economia Global”. E eu acrescento: “Que vai afetar a vida de todos nós”.
Durante o Governo de Donald Trump, a acusação e o bullyn global contra os chineses se concentrou na Empresa Huawei em razão da imensa vantagem comparativa com os países europeus e o próprio EUA no que se refere ao domínio do 5G. Essa tecnologia para muito além do tema da telefonia, refere-se a infraestrutura de comunicações de baixa latência, capaz de tornar cem vezes mais rápido o acesso a dados armazenados na nuvens computacionais, viabilizando e revolucionando todos os tipos de aplicações autônomas, como carros, trens, ônibus, drones, operação à distância de equipamentos agrícolas, viabilização de cirurgias robóticas, aplicação de experiências imersivas, metaverso etc.

Abuso na prisão de executiva da Huawei indicia autoridades canadenses
No vale tudo do “ringue digital”, as intimidações se intensificaram nos últimos anos. Também em 2018, a filha do presidente da Hauwei, Meng Wanzhou, CFO da empresa, chegou a ser detida no Canadá com o pedido de extradição para os EUA sob a acusação de espionagem. Ela ficou presa até ser libertada em 24 de Setembro de 2021, após um acordo com a Corte de Vancouver, livre das acusações sofrera. Curiosamente a prisão de Wanzhou ocorreu no mesmo ano do depoimento de Zuckeberg no Capitólio.
Em tempos de disputa pela hegemonia global de poder, vale a pena compreender que mais do que territórios à serem conquistados nas fronteiras dos terrenos que separam as nações (US$ trilhões em armamentos e perda de milhares de vidas), o diferencial competitivo na conquista do mundo é mesmo a tecnologia. Ao observar as motivações e movimentações dos países no entorno do conflito entre Rússia e Ucrânia é possível parafrasear a linguagem dos Metaversos e perceber que por vezes esses atores se comportam como “Avatares” dos verdadeiros competidores por trás do tabuleiro.
Nessa guerra, além da disputa pelo controle das narrativas e o domínio de “novas tecnologias de observação”, os ataques cibernéticos se intensificaram muito e, novos recursos de espionagem têm sido empregados, como balões, drones, cilindros voadores etc. Apreensões e abatimentos aéreos, ampliam o acervo de novas “geringonças” criadas para “dar uma espiadinha” estratégica nos oponentes no mais autêntico clima de “Big Brothers”.

O mantra dos colonizadores digitais - Estadão
No campo virtual, o conflito entre os colonizadores modernos se dá com a disputa pelo bem mais precioso da face da terra, a atenção humana. Não por acaso o solo, o território à ser dominado agora, são as mentes de todos nós. As Caravelas agora são digitais e o poder de fogo para a tomada de poder são os algoritmos. Esse poder de persuasão é muito forte pois ao conhecer as pessoas mais do que elas próprias se conhecem e lhes inocular desejos, ideias e em breve memórias que pensam ser delas, passam a ter o controle sobre suas atitudes. Induzir comportamentos e prever resultados já é parte desta imensa e profunda manipulação.


Quanto ao Tik Tok, se as acusações procedem eu não sei mas é curioso verificar como a história é cíclica e por vezes se inverte. No Passado, as duas Guerras do Ópio (1839 a 1842) e (1856 a 1860), travadas contra o Império Chinês pelo Império Britânico (primeira) e pelos Impérios Britânico e Francês (segunda), culminaram na assinatura do “Tratado de Nanquim”, que obrigou o Imperador Xianfeng (Yìzhǔ (奕)), a ceder parte de seu Território por 100 anos para os Ingleses (Hong Kong). Os invasores traficavam da Índia, volumes gigantescos de ópio (entorpecente extraído da papoula) e vendiam na China, obtendo lucros imensos para compensar suas importações de sedas e especiarias. Por vezes o Imperador proibiu esta comercialização pois identificou a forte dependência química em massa gerada pela droga e a consequente debilitação física e degradação moral de sua população. Não resistiu e sucumbiu diante da massificação do ópio e cedeu o território de Hong Kong por 100 anos para os ingleses, além de atender a outras inúmeras imposições. Será que agora o jogo virou e os países ocidentais estão diante de uma “nova droga viciante”, criada pelo próprio Ocidente? Os 150 milhões de “usuários” dos EUA vão conseguir viver sem os prazeres desse verdadeiro ópio digital? O Tempo dirá!