Durante o debate desta segunda-feira (21), promovido por A Gazeta e CBN Vitória, Pablo Muribeca afirmou que o plano de governo original de Weverson Meireles, do PDT, promovia ideologia de gênero com menções de apoio ao público LGBTQIA+. Para reforçar a acusação, Muribeca leu trechos do documento em tom crítico.
Em resposta, Weverson acusou Muribeca de espalhar “fake news”, mas evitou mencionar que havia alterado o plano. Além disso, declarou ser “contra a ideologia de gênero” e destacou sua identidade como evangélico.
O portal RedeNewsGrandeVitória verificou que as duas versões do plano — a original e a modificada — estão disponíveis no DivulgaCand, do TSE, confirmando que Weverson removeu as referências ao público LGBTQIA+.
O candidato a prefeito da Serra, Weverson Meireles (PDT), alterou substancialmente o plano de governo registrado na Justiça Eleitoral, excluindo todas as menções à comunidade LGBTQIAP+.
A primeira versão, apresentada em 12 de agosto, incluía cinco referências pontuais à sigla “LGBT” e destacava a necessidade de promover diversidade e combater a discriminação. No entanto, na última quinta-feira (17), Meireles encaminhou à 26ª Zona Eleitoral da Serra um pedido formal para substituir o documento, anexando uma nova versão que mantém as 80 páginas, mas aliena completamente o tema LGBTQIAP+ do projeto.
Ato Covarde e Recuo Estratégico
Essa mudança é mais do que uma simples alteração de prioridades. Trata-se de um ato de retrocesso e covardia política. Ao excluir propostas que ele mesmo havia decidido incluir, Meireles demonstra incapacidade de sustentar aquilo que planejou inicialmente. Enfrentando pressões e receios de desagradar setores mais conservadores do eleitorado, o candidato optou por remover todas as referências à comunidade LGBTQIAP+, sinalizando que o medo da rejeição falou mais alto do que seu compromisso com a inclusão e a diversidade.
A proposta eliminada, intitulada “Projeto Esse é Meu Nome”, previa campanhas educativas para combater a LGBTfobia e promover o respeito à diversidade sexual e de gênero. Além disso, a ideia de fomentar o diálogo com organizações LGBT+ para identificar e atender às necessidades da comunidade também foi descartada. A retirada dessas iniciativas enfraquece qualquer discurso de compromisso progressista e expõe uma estratégia voltada para evitar confrontos com setores mais tradicionais, mesmo à custa de alienar uma parte relevante do eleitorado.
Medo de Narrativas Distorcidas e Pressões Externas
A mudança também parece ser motivada pelo receio de que propostas relacionadas à diversidade sejam usadas contra ele na campanha, especialmente após críticas infundadas sobre a inclusão de “ideologia de gênero” no plano. Embora nenhum dos documentos tenha mencionado esse conceito, a remoção completa de termos como “LGBT” e “diversidade” demonstra que Meireles preferiu evitar polêmicas ao invés de defender abertamente as propostas que havia apresentado.
Afastamento de Movimentos Sociais e Eleitorado Progressista
A decisão de recuar dessa forma pode ter um custo político elevado. Movimentos sociais e lideranças da comunidade LGBTQIAP+ certamente enxergam essa alteração como uma quebra de confiança e um sinal claro de que suas demandas foram relegadas a segundo plano. A mudança também pode minar o apoio de jovens eleitores e setores progressistas que esperavam um posicionamento mais firme e corajoso em defesa da diversidade e dos direitos humanos.
A Estratégia Eleitoral e o Risco do Cálculo Político
Ao tentar se moldar às expectativas de um eleitorado mais conservador, Meireles busca ampliar sua base de apoio e minimizar resistências na reta final da campanha. No entanto, essa estratégia carrega riscos. Alienar o público progressista pode custar votos importantes, especialmente em uma eleição tão disputada como a da Serra, cujo segundo turno ocorrerá no dia 27 de outubro. Adversários também podem explorar essa mudança para questionar a coerência do candidato e reforçar a narrativa de que ele não sustenta suas próprias convicções.
Conclusão
A alteração do plano de governo de Weverson Meireles reflete mais do que uma simples adaptação às circunstâncias: é uma demonstração clara de fragilidade e falta de comprometimento com as causas que ele inicialmente abraçou. Ao abdicar de propostas voltadas à promoção da diversidade e inclusão, o candidato se revela mais preocupado em evitar desgastes eleitorais do que em defender um projeto autêntico de transformação social. A decisão de excluir qualquer referência à comunidade LGBTQIAP+ será lembrada como um exemplo de covardia política e uma oportunidade perdida de construir uma campanha baseada na coragem e na coerência.